sexta-feira, 23 de julho de 2010

TRAVESSURAS DO NOSSO GATO.







Dentre os quatros irmãozinhos ele destacou-se por ser o maior, o mais branquinho, ter longos pêlos e olhinhos azuis. Mais tarde apareceram nos pêlos, o tom cinza e constatamos ser ele um mestiço de siamês. Passamos a chamá-lo de Fofão ou Fofinho.

Como todo gato, ele e os demais gostavam de pular a janela, já que moramos no térreo, para tomar o sol da manhã, da tarde e namorar à noite. Mesmo castrados, atraíam outros gatos que faziam aquela serenata! Nem precisa dizer o quanto incomodavam a vizinhança. Além disso, tinham os cocôs e xixis que faziam no pátio e em algumas garagens.

Eu não tinha coragem de tirar-lhes a liberdade de ir vir. Até que um fatídico acontecimento, me fez rever todos os meus conceitos.

No prédio onde moramos havia um apartamento desocupado. Na janela deste apartamento, havia umas jardineiras com azaléias. Fofão acostumara-se a tomar sol atrás delas porque se sentia protegido.

Pouco depois, mudou-se para este apartamento um casal recém-casado. Como eles trabalhavam o dia todo, Fofão continuava sua rotina, tranquilo, dormindo naquele mesmo local. A faxineira aparecia, uma vez por semana, para cuidar deste apartamento.

Certo dia, Fofão não voltou para casa, ficamos aflitos. Fizemos anúncios com a foto dele, colocamos na internet e espalhamos por todo o bairro. Só não pusemos nos quadros de avisos, do nosso condomínio porque temíamos que a vizinhança achasse bom o sumiço, já que a implicância era geral.

Após cinco dias, outra minha vizinha, assustada, me chamou mostrando um gato que estava na divisa do apartamento dela com o apartamento das azaléias. Fui correndo ver. Gente! Era o meu gato! E o pior estava por vir!

Aquele casal recém-casado era da área médica e tinha ido fazer estágio, literalmente, na China. Certo dia, em que a faxineira viera fazer a faxina semanal, ao sair, não notara que o gato, provavelmente, assustado, adentrara no apartamento. Após cinco dias, ali preso, com fome e sede, felizmente, ele achara um buraco num vidro quebrado, na porta dos fundos e pulara pro muro de divisa com o apartamento desta minha vizinha, de lado.

Precisava, agora, localizar o telefone da faxineira para que viesse abrir a porta do apartamento. Para complicar mais a história ela morava bem distante. Quando ela chegou e abriu a porta, espanto geral!

Aquele apartamento de recém-casado, todo novo e mobiliado com o que havia de melhor, fedia a urina e fezes. Na sala havia um lindo estofado de veludo amarelo, cortinas de voal e um carrinho de chá, cheio de peças de porcelana bacará, certamente, presentes de casamento. O gato, desesperado para sair, com sede e fome, tentando abrir a janela ,felizmente, só desfiou as belíssimas cortinas, poupando tudo o mais o que me fez agradecer a Deus porque estas porcelanas , caríssimas,estavam bem próximas das cortinas.

Na 2ª sala, porém, ele urinou e defecou nas almofadas do sofá e novamente, tentando escapar pela janela, retorceu toda a persiana, importada.

Os que viram os estragos, ficaram chocados e eu, além de chocada, em apuros!
Liguei, imediatamente, para nossa amiga, advogada , Mª Amélia, para saber o que fazer. Ela me aconselhou, para não piorar a situação, a arcar com todos os prejuízos, já que eu era proprietária do felino.

Conclusão: fui ao endereço onde haviam sido confeccionadas as cortinas e sido compradas as persianas , numa das mais caras lojas, no bairro de Lourdes, encomendei e paguei por outras novas. Graças a Deus, as almofadas da segunda sala que eram de tecido e removíveis, levei-as para lavar, na Eureka. Total da brincadeira: dois mil reais.

E a história ainda não tinha terminado: meu marido era o síndico do prédio, nunca apoiara os gatos, esbravejou para que sumíssemos com eles que na verdade eram de minha filha com minha simpatia. Ficamos sofrendo, não iríamos doá-los já que estavam conosco desde filhotes e nós os amávamos. A solução foi levá-los para a casa de meus pais, já falecidos, em Barbacena e iríamos visitá-los, quando pudéssemos.

E assim foi feito. Mas, meus irmãos, que cuidavam da casa de Barbacena, deixaram outros gatos que já havia lá, irem reproduzindo-se e já contavam duas dúzias . Nossos gatos, criados com todo o conforto, com medo dos outros, passaram a se esconder, no emaranhado de madeiras do porão ou nas cinzas de um fogão desativado.

 Quando fomos visitá-los, da primeira vez, estavam sujos, magros e assustados. Choramos e decidimos trazê-los de volta e enfrentar os xingamentos e o que mais viesse pela frente. Os trouxemos e os escondemos no quarto de minha filha. O quarto é muito espaçoso com uma janela de dois metros.

Então, o que fiz foi o que deveria ter sido feito quando ganhamos os felinos. Na ausência de meu marido, coloquei tela na janela deste quarto por onde eles saíam. Mas, meu marido, logo desconfiou, quando chegou do trabalho e viu a porta do quarto fechada e ouviu miados. Ficamos aguardando o pior mas ao ver que os gatos não circulariam mais pelo pátio, conformou-se.

Nas demais janelas que dão para a rua, meu marido não deixou telar alegando que descaracterizariam o prédio, embora as telas, de arame, fossem quase invisíveis.

Assim sendo, à noite, em tempos de aquecimento global, ficamos com as janelas fechadas, para que os gatos não saiam. Tudo pelo bem-estar dos felinos mas continuamos com os quatro.: Madona , Guruguru, Dejavu e Fofão.Cada um tem sua personalidade e sua história que também, estou escrevendo-as.

Por agora, termino contando a do Fofão que é um gato lindo! Quando me vê comendo mamão, fica de pé, com as patas na beira da pia, miando desesperadamente, até que o sirva. Já pelas carnes ele não expressa nenhum desejo, certamente,influência da convivência conosco que somos vegetarianas.
Gatos bem cuidados podem viver mais de 15 anos.
Graça Leal /adocaobh@gmail.com

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