terça-feira, 25 de janeiro de 2022

NOSSA IRMÃ, ANTONIETA. (parte ll)


A cidade de Antônio Carlos, atualmente, de carro, bom asfalto, fica a meia hora ou menos de Barbacena mas em 1955 devia haver 1 ou 2 ônibus, estradas esburacadas, no sol: poeirão na chuva: barro, atoleiros, desvios, atrasos. Passava por lá o trem apelidado de Baiano porque chegava até Salvador. Para entenderem esses difíceis tempos, vividos por Antonieta, é importante visitarem o link, abaixo, muito ilustrativo narrando toda a História da região e das Ferrovias.


http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcb_mg_linhacentro/antcarlos.htm

Antonieta, acabava passando o dia em Antônio Carlos por conta da dificuldade do transporte e quando não tinha ônibus ela vinha de trem que estava sempre atrasado chegando tantas vezes, na Estação de Barbacena até às 22 horas. Da Estação até nossa casa, não havia ônibus, tinha que caminhar a pé por ruas mal iluminadas, perigosas para uma moça de apenas 35 kilos. Sem contar que naquele trem eram quase só, homens, suados, fedidos, broncos, tudo muito primitivo e nossa pobre irmã tão indefesa. 

Nossa mãe se desesperava e pedia que pai e irmãos fossem ao seu encontro. Na maioria das vezes, não havia se alimentado porque não havia vendinhas nessas Estações e muito menos nos trens.

Ela ficou nessa situação por muitos anos, talvez uma década até que conseguiu se transferir para Barbacena..


Na mesma sociedade onde existem os bondosos os obedientes, os conscienciosos convivem também os espertalhões, os oportunistas...Nossa mãe sempre antenada percebia que para Antonieta, ficavam as turmas mais problemáticas com alunos mais rebeldes, repetentes que exigiam muito dela mas ela, como Daniel na cova dos leões, os transformavam com calma e carinho.


E como “prêmio” por toda essa bondade, enviaram-na para fazer um Curso NO ISER-FAZENDA DO ROSÁRIO/ IBIRITÉ/GRANDE BH, COM A FAMOSA HELENA ANTIPOFF.

Saiba mais no link, abaixo.

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_Antipoff

 

E aí, novos dramas para uma jovem sensível, já vivenciando os sofrimentos em casa, com um pai bipolar ( na época nem se falava em tratamento), quase uma dezena de irmãos e o pai vivia nos altos e baixos, e mais nos baixos, se endividava penhorando o salário com agiotas e só não passávamos fome porque ele , ao se casar, adquiriu grande área onde plantou todo tipo de frutas e mamãe plantou chuchu, bananeiras. Então macarrão, angu, chuchu, abacate, principalmente, matavam a fome da grande família)

 Quando vinha da Fazenda do Rosário, nos visitar, Antonieta contava casos que chorávamos todos, ao ouvir as tristes histórias daqueles que ali buscavam o tratamento. Reconhecimento à grande educadora HELENA ANTIPOFF QUE FOI A PRECURSORA DA EDUCAÇÃO AOS PORTADORES DA SÍNDROME DE DAWE A TODO SEU EMPENHO.

 Antonieta, ainda passou uns tempos, lecionando na ABAE/ BARBACENA mas diante do quadro de sofrimento que ela apresentava, retornou à escola regular e me lembro da mamãe a advertindo: “esconda esse diploma, nunca mais fale que o tem.”


(Continua...próximo assunto: morte de nosso irmão, aos 11 anos, criado e dormia com Antonieta/ papai entra em profunda depressão. Tudo no link, abaixo


http://adocaobh.blogspot.com/2010/02/uma-flor-chamada-melifera.html






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