Amplie a imagem para ver a extensão de suas feridas.(Desculpem os fotógrafos amadores)
Sexta-feira 11/09/2010 - Chamaram-me para acudi-la. A vizinha não aguentava mais vê-la com a barriga toda infeccionada, pingando sangue, já há dois meses. O proprietário alegou tê-la comprado em pior situação e que já havia tratado-a. Alegou ter ido ao hospital veterinário da UFMG e lá, protocolo da casa, haviam pedido um cheque calção de 800,00 (oitocentos reais) mais 150,00 (cento e cinquenta reais) pela consulta.
Ele alegou não ter essa quantia, embora possua os seguintes bens: uma caminhonete D20 na qual se acopla a carretinha para transportar outros 3 cavalos que possui, os quais participam de um tal “jogo do tambor”que acontece em algumas cidades vizinhas a BH, mais um fazenda com caseiro, nos arredores de BH e mais uma moto e casa num bairro bem localizado da região metropolitana.
Em casos como este, recorremos ao nosso amigo e protetor Franklin para nos orientar, há trinta anos trabalhando em salvamentos de animais já que a maior protetora dos cavalos de BH, encontra-se em recuperação após vários tratamentos de saúde.
Precisávamos remover a égua para o hospital veterinário ou da PUC ou UFMG. Gente! É desesperador! Sábado e domingo, nem gente nem animal podem adoecer. Você só acha hospital de atendimento 24 horas e são caríssimos. Liguei para todos os senhores que fazem transporte de grande porte e ninguém estava em Belo Horizonte ou não podiam fazer. Dei uns 50 telefonemas de celular e não consegui nem transporte, nem veterinário que pudesse atender, no local. Franklin indicou um estudante de 5º ano de veterinária, que embora viajando, receitou remédios. Liguei para outro amigo nosso, carroceiro e ele deu mais alguma dica.
Sábado 12/09/2010-Comprei antibióticos, antiinflamatório, seringas, nos munimos de gaze, água oxigenada e tudo o mais que sempre carregamos em resgates. Fomos Sandra Rosa, Halbene e eu ver de perto as condições do animal que não sendo tão ruim o quadro, Sandra Rosa, orientada pelo estagiário e o carroceiro Silvano, se armaria de toda a coragem para aplicar as injeções no animal. Quando o vimos, Sandra Rosa, acostumada também a lidar com animais há mais de 30 anos, percebeu a gravidade da situação.
Enquanto ela, com a mangueira e sabão, lavava as feridas do animal, eu convencia o dono a levar o animal para o hospital já que vimos que ele tinha toda a estrutura para o transporte ou seja, carro e carretinha. E ele fazendo corpo mole pedindo para deixar para a próxima segunda-feira. Eu, indignada, procurava manter a calma diante daquele ser insensível e lhe dizia desesperada: “ a dor não pode esperar e se a ferida fosse em você?”
Já eram 17 horas e o hospital fechava às 18 horas e havia muito chão pela frente.
Uma meninada eVizinhos, acompanhavam o desenrolar dos fatos. Todos já conheciam o drama do animal.
Diante de nossa quase súplica, o proprietário concordou e partimos rumo ao hospital gastando exatamente 1 hora.
Ao chegarmos, deixamo-la aos cuidados da veterinária de plantão, já protegida e amparada. Voltamos para casa animadas, aguardando o reestabelecimento do animal.
No outro dia, porém, já examinada pela veterinária mais antiga, recebi um telefonema muito triste. A égua tinha perdido muitos nutrientes, no sangue que jorrou de sua barriga por 2 meses.Precisaria de uma cirurgia mas não aguentaria a anestesia. E sem cirurgia, só lhe restaria a dor então, o melhor a fazer era aliviá-la, eutanasiando-a.
Eu pedi à veterinária que ligasse para o proprietário. Ela respondeu que a responsável pelo animal era eu já que eu que havia assinado o documento de entrada. Nem na hora de fazer a ficha, a esposa do proprietário aproximara-se para dar detalhes sobre o animal ou tentar dividir as despesas. Mesmo assim, liguei para ele, que estava num sítio e
ele, simplesmente me disse que fizesse o que era preciso. Até o presente momento não recebi sequer um agradecimento ou pergunta de como poderia me ajudar nas despesas.
Esta foi mais uma experiência que tivemos e estou relatando. Há outras relatadas, por Vera Macedo, neste mesmo blog. Faço esses relatos para sensibilizar a mais pessoas a não deixarem que estes pobres animais sofram tanto.Não basta só a emoção, é preciso também ação.
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