segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Hoje, crianças sem limites. Amanhã, maus profissionais.

Essas crianças totalmente sem limites, que não sabem ouvir um “não”, dificilmente vão estar preparadas para enfrentar obstáculos, adversidades ou negativas no futuro. Vão querer sempre tudo a favor, nada contra.

Meninos e meninas hoje criados no egoísmo, no consumismo desenfreado, no desperdício, não vão saber encarar problemas e dificuldades no futuro.

Os maus profissionais de amanhã ( em todos os setores) começam agora, no processo de sua formação e criação.

Se não sabem repartir, somar e compartilhar, não há como esperar deles, anos à frente, atitudes maduras, participativas, objetivas e conscientes.

A falta de limites, nos dias de hoje, é resultante do pouco tempo( ou nenhum) que os pais têm para dedicar aos filhos.

Já que não podem dar, em suas casas, tempo, presença, atenção e interesse ( há pais que nunca viram um boletim escolar) eles enchem a vida dos filhos de coisas, para que fiquem bem distraídos e não lhes tragam problemas.

Videogames, moutain bike, moto aos doze anos, a chave do carro aos 14- tudo isso é uma maneira de os pais manterem os filhos à distância, na rua.

Dificilmente a gente pode esperar que um menino todo mimado, birrento, centralizador de atenções, vai ser no futuro alguém com o coração aberto, disponível, sensível aos problemas alheios.

Atrás de todo mau profissional, hoje, está aquele menino que nunca aceitava ter sua vontade contrariada, que agia como o dono da bola ( sem ele, o jogo não começava), que queria ser sempre o primeiro (independente de ter méritos ou não), e que sempre pensou que os fins justificam os meios.

Mau profissional é aquele que pretende subir a qualquer custo, que passa por cima dos outros, que não tem escrúpulos, não cumpre horário, destrata os subordinados, não é capaz de uma palavra de apoio ou incentivo.

É também aquele que desperdiça tudo, não tem espírito de equipe, bajula os superiores, e coloca defeito em tudo o que os outros fazem. Só as suas obras são perfeitas. O resto não presta.

Se os serviços de Psicologia das empresas e corporações ficarem bem atentos ao comportamento de algumas de suas chefias, verão que a origem de todos os recalques, exageros, gritos, ataques de histeria, distorções e aberrações de comportamento está nos traumas da infância, na má criação, no excesso de presentes, na carência de amor – sim, porque podem ter tido tudo, mas na verdade não tiveram amor.

E vão descontar isso em cima dos outros, qualquer que seja a profissão que ocupem e o grau de poder que tenham em mãos. Aliás, entregar o poder a pessoas despreparadas assim é um completo desastre.

Hélio Fraga é jornalista, escritor e consultor em treinamento gerencial. 1994



Nenhum comentário:

Postar um comentário